terça-feira, 12 de julho de 2011

Foi numa terça feira destas que eu lembrei de você

Eu saia para o intervalo de almoço do trabalho, a manhã havia sido um tanto tensa.
Você, um novato, te falam mil informações, te levam em sessões aqui, departamentos ali.
E lá veio a hora do almoço, um almoço com um que de solidão na alma, muito pelo fato de ser novato.

Conecto os fones ao celular e deixo o playlist no aleatório. Estava sem animo até para escolher alguma musica para ouvir. começou a tocar uma musica que eu ainda não havia escutado do Yann Tiersen [ http://www.youtube.com/watch?v=3Qm--yiIzAE ]
Conforme ia subindo a rua comecei a escutar um homem cantando ou orando, depois sons e depois ouvi as cores, um azul celeste com um tom amarelo meio alaranjado.
Uma porta foi aberta em minha mente e aqueles sons trouxeram tanta coisa para mim.
O Fabio que não vejo tem séculos e trabalha logo ali ao lado, iriamos almoçar mas ele não pode sair, atolado de serviço, ele já é bem mais adulto do que eu, homem feito já. Ai pensei em outras pessoas que queria por perto, mas não podiam estar ali naquele momento.
Seguia andando observando as pessoas na rua.

Bateu me uma alegria.

Eu tenho pessoas.

E desejo que estejam perto de mim.

Eu sinto saudade

e a saudade dói de tão forte que só amando tanto para ser assim,

E ali, naquela avenida, dos tempos em que eu ficava anoite na loja onde a Bianca trabalha só jogando conversa fora ou zoando com as perucas dos manequins.
Dos filmes com a Leide, a bárbara, a Analu, Marina. Da noite em que a Maria Clara me faz um convite para o cinema, ambos recém saídos de seus trabalhos, cansados e estressados, sem banho, com sorriso nos lábios disse sim naquela terça feira. As horas intermináveis e insaciáveis ao telefone com o Fe ouvindo suas risadas, minhas ironias, sua rabugência lendária. Ou de quando eu e Lara simplesmente caminhamos pela Tiradentes, tarde da noite, retornando da locadora com um filmes de zumbis que a Lilian viria a odiar, a Lilian hoje tem um filho, Davi.
E tudo isso ali naquela avenida. E cada uma destas pessoas me levaram a outras que me levaram a outras que me protegeram de outras e me apresentaram a outras na vida.

Esbarrando sempre em tantos estranhos que eu poderia amar
e quantos estranhos eu não amo hoje?
Lembro de quando a Bárbara e Aanalu não passavam de duas menininhas
que ensaiavam na sala ao lado
nós ensaiando o drama de um Beijo no Asfalto
e elas, fazendo suas danças a santa Bárbara.
Lembro quando a Tania era apenas umas das mil pessoas que a Maria Clara me apresentava.
Lembro de quando a Nathália era apenas a garota lá no outro lado da pista de dança com um olhar para mim que dizia “hey! Você também esta desorientado e deslocado aqui?”
Lembro quando eu ainda não sabia das tatuagens da Marina. Lembro quando eu tinha vergonha da Leide na aula de teatro. Lembro que com a Camila foi amor a primeira vista. Lembro quando a Fer só reclamava da vida e quando ela dizia que nunca amaria ninguém e de como eu adorava, tempos depois, ficar repetindo para ela “eu não te disse?”

Sabe quando sua tristeza
te leva pras suas maiores alegrias?


Alexs Tcho

Terça Feira, 28 de junho de 2011

se quer ouvir a mesma musica e ver o qua~diferente pode sentir; http://www.youtube.com/watch?v=3Qm--yiIzAE

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um brinde à qualquer coisa viva, simples e louca


Era uma destas festas comuns, na casa de algum amigo do amigo do amigo. Uma casa grande e simples, e bem na sala o som seguia como uma verdadeira balada. Tantas e tantas pessoas dançando, bebendo, fumando. A festa estava boa. Bons amigos presentes.

Eu permanecia sentado na varanda com um copo de vinho na mão e as estrelas acima lá no céu. Fui para dentro da sala dançar com os amigos umas duas vezes, dançava umas duas músicas e voltava para a varanda. Estava inquieto, por mais que amasse muito algumas pessoas lá dentro, ainda não estava completo, faltava ela.

Foi no terceiro copo de vinho na varanda que eu a vi atravessando a rua. Por mais simples que fosse o vestido, ela sempre estava monumental. Na metade da rua ela me avistou, sorriu, logo abriu o portão e subiu pelo jardim.

Abracei-lhe com um beijo. Agora sim estava completo, agora sim sentia peso nos pés, puxei sua mão e a levei festa adentro. Atravessamos a sala-pista-de-dança e fomos em busca dos amigos que já estavam lá, encontramos todos no jardim.

A roda se fez, o vinho foi reabastecido. A janela aberta da sala-pista-de-dança dava para o jardim dos fundos tornando ele nossa área VIP. Alguém pegou três garrafas e lá dançamos, rimos, bebemos e conversamos. Eu numa parte da roda, ela logo à minha frente.

Foi então que o milagre aconteceu. Do céu ainda com estrelas a chuva veio, nem tão fria, nem tão forte, as pessoas correram enquanto permanecia olhando para o alto, sentia por um segundo a chuva em meu rosto. Ao abaixar a cabeça lá estava ela de braços abertos e rosto para o céu. Ergui meu copo em um brinde, ela percebeu, sorriu e ergueu seu copo meio cheio. A chuva completava nossos copos, brindamos, bebemos e dançamos, dançamos, rodamos, pulamos rimos.


- Não precisa ficar aqui por minha causa. Disse-me ela.

- Não estou aqui apenas por sua causa, também amo tudo isso aqui.

- Você também ama um banho de chuva?

- Tanto que precisamos de um novo brinde.

- Acabou o vinho.

- Mas não é de vinho o brinde.


Levantei o copo deixando a chuva cair dentro. Ela sorriu e fez o mesmo.

Brindamos a qualquer coisa viva, simples e louca, a nós, aos amigos, ao amor, eu não me lembro, apenas lembro-me dela. Da vida pulsando em suas veias e perfumando toda sua pele, da poesia de seu sorriso.


Um senhor de cerca de quarenta anos bebia seu vinho branco, naquela festa ele estava deslocado. Não por não ser diferente ou algo assim, apenas os sentimentos o mantinham em qualquer lugar menos lá. As pessoas dançavam com vigor. A festa estava realmente boa, melhor que o vinho branco que ele mesmo comprou? Se questionava. Comprará o vinho, mas por algum motivo não o pôs junto com os outros, simples assim, pensando agora sobre isso, não entendia o motivo que o fizera pôr todos os outros vinhos na geladeira e justo este manter em sua mão, agora só ele o bebia distante. É um bom vinho – pensava – alguém mais precisa bebê-lo.

Algo gelado e molhado roçou seu cotovelo, virou assustado e avistou dois rostos logo abaixo na janela.


- Moço, pode nos dar um pouco do vinho? O nosso acabou.

- Claro!


Olhou para aquelas duas pessoas encharcadas com sorrisos tão alegres quanto os olhares - É, tudo tem o seu motivo e destino – pensou com seus botões – E o vinho encontrou o dele.



Alexs Tcho


Relato de uma noite em meados de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Entre o Céu e a Terra


Entre o céu e a terra
estava eu
pés na terra
sonhos no céu
E entre o céu e a terra
estava eu
Onde estava eu?
o que tem entre
o céu e a terra?
Tinha eu e tinha você.

Alexs Tcho para
Leide Fuzeto Gameiro


p.s. Desenho feito no Paint enquanto meu chefe estava no Médico rs