
CAMILA
_Qual é o seu sonho? Perguntaram-lhe uma vez.
_Agora? Ela respondeu.
Isto ocorreu na escola quando tinha sete anos de idade. E naquele dia ela sonhava em ser comediante. Sonhava em fazer as pessoas rirem. Achava que tinha um jeito natural para isso, pois a poucos minutos arrancara risos da bibliotecária apenas respondendo a uma pergunta e nem sabia o que havia de engraçado na resposta. Se conseguiria fazer alguém rir mesmo sem querer imagine querendo? Era o que pensava.
E assim ela seguia a vida, com um sonho após o outro. Alguns sonhos ela carregava desde que nascera, ou melhor, desde que soube que nascera. Outros permaneciam com ela por um tempo mais curto, mas nunca menos de um mês. Na verdade sempre estariam com ela, apenas não se lembrava deles no momento.
Sonhava em pintar. Isso sim, isso ela sabia que sempre a acompanharia, talvez por ser o sonho mais abrangente, mas seja como for este era um dos sonhos que ela carregava desde que soubera que nascera.
Já quis pintar quadros, adorava pintar grandes paisagens, um grande lago com várias árvores ao redor e montanhas azuis bem ao longe. Já quis desenhar gibis e fazer comédia em tiras. Já quis ser arquiteta também, mas odiava matemática, adorava geometria, e era muito boa nisso, mas nunca deixou de odiar a matemática.
Já quis ser fotografa. Amava fotografia, tanto quanto pintura, pois diferente da pintura, era a maneira mais rápida de mostrar tudo o que achava lindo, triste e simples. Mas não possuía uma máquina fotográfica só sua e sua mãe não achava legal gastar dinheiro para revelar fotos de árvores, pedras, nuvens, paredes, pedestres, que sempre surgiam entre as fotos tiradas em aniversários, casamentos, encontro familiares, churrascos nas casas dos vizinhos.
Então esse sonho ficou para trás, como tantos outros. Aprender a tocar piano por exemplo. Quando tinha cinco anos sua tia que era dentista tinha um monte de Lps com musicas de Mozart, Beethoven. Desde os cinco anos de idade ela já dançava de alegria ao ouvir Mozart e sentia suas veias vibrarem ao escutar a nona Sinfonia de Beethoven.
Queria dançar, qualquer dança, até balé poderia ser. Queria apenas sentir seu corpo voar, queria cantar, queria patinar, queria até esculpir.
Enfim, queria mostrar para todo mundo tudo aquilo que achava lindo, triste e simples.
E assim seguiu a vida, com um sonho após o outro. Mas sempre com o mesmo objetivo; encontrar pessoas que chorassem com ela. Pessoas que assim como ela sabiam da alegria, da tristeza e da beleza simples da vida.
E foi aqui que com minha vida, mostrei-lhes uma Camila.
Alexs Tcho
Um comentário:
só o Alexs faz minha vida virar poesia!
Postar um comentário